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As crianças, neste ponto como os adultos, vivem bem quando mente e corpo funcionam junto. Esse funcionamento está em clímax quando a criança se concentra.

Maria Montessori foi a primeira cientista da história a identificar o que conduz à concentração em crianças – e hoje nós sabemos que processos muito parecidos ocorrem com adultos, também.

A criança nasce com mente e corpo funcionando juntos. Montessori se referia a ambos por vontade e ação, respectivamente. Isso fica claro em um bebê: se ele estende o braço para mexer em um móbile, todo o seu ser está no braço, na mão, e no móbile.

Nem por um instante ele pensa na próxima amamentação. Nem por um instante se preocupa com a qualidade da soneca que vai dar mais tarde. Braço, mão, móbile. Ali estão sua vontade e sua ação – sua mente e seu corpo.

Para que as coisas continuem bem assim, a criança precisa ter a chance de continuar a desenvolver esforços significativos para ela: movimentar-se à vontade, por exemplo, andando, correndo, subindo e descendo, pegando em tudo que lhe interessar e for razoavelmente seguro.

Geralmente, quase universalmente, não é assim, e os adultos impedem as crianças de subir no sofá, tirar as frutas da fruteira, e correr na calçada. Isso separa a vontade (de se movimentar) e a ação (que é ficar parado, sendo uma criança “boazinha”).

É um dos maiores desastres de uma infância sem privações maiores. Mesmo assim, as crianças podem se recuperar, e essa recuperação, magnífica, é o que chamou a atenção de Montessori quando ela descobriu a concentração.

Ao longo dos primeiros seis anos de sua vida, a criança encontrará, e pode ser apresentada, de novo e de novo, a possibilidades de esforços interessantes. Quando encontra um que lhe atrai de verdade, que tem desafios na medida certa, que permite seu movimento, e que lhe agrada, a criança entra em um novo estado de espírito.

Ela esquece de seu entorno, recusa distrações, ignora o tempo e suas necessidades mais imediatas, para perseguir sua nova conquista.

Nesse momento, vontade e ação, mente e corpo, se encontram novamente, se reconhecem, e trabalham juntas de novo. Quanto mais oportunidades a criança tiver de esforços significativos, mais sua mente e seu corpo se acostumarão a trabalhar juntos. Mais e mais a concentração se tornará um hábito.

Em cada fase da infância, a criança precisa de diferentes possibilidades de esforços significativos. Em Montessori, identificamos essas diferentes etapas pelos períodos sensíveis das crianças. Em cada um deles, as crianças tem sensibilidades especiais para esforços distintos. Você pode ler sobre eles no link deste parágrafo.

Mas há uma outra maneira, ainda melhor, de descobrir do que o seu filho, ou a sua filha, precisam: observar. Olhar as crianças com atenção nos mostra o que elas estão tentando fazer. E o que elas estão tentando fazer, em geral, é o que elas precisam fazer. Por exemplo, se o seu filho estiver tentando amarrar os sapatos, há três grandes possibilidades:

  1. Ele pode estar tentando desenvolver coordenação motora fina;
  2. Pode ser que esteja buscando independência para se vestir;
  3. Pode ser que queira mesmo amarrar os sapatos.

É bom ter uma mente muito aberta na hora da observação, e observar mais de uma vez, observar com frequência. Se sua criança encontrar em você um adulto capaz de ajudá-la a se envolver em esforços significativos, a concentração vem “sozinha”, e se torna o melhor hábito da vida dela.

O Lar Montessori desenvolveu um curso sobre convivência pacífica com crianças, em que você aprenderá sobre concentração, esforços significativos, períodos sensíveis, e outros tantos temas importantes para o desenvolvimento do seu filho. Para conhecer e poder participar, clique na figura abaixo:

Fonte: Lar Montessori por Gabriel Salomão

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