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O método Montessori nasceu da observação de crianças trabalhando com objetos para a educação dos sentidos. Esse foi o começo rudimentar do que conhecemos e do que nos maravilha hoje. Montessori, quando começou suas escolas, não tinha o ambiente incrível que desenvolveu depois, nem todos os materiais que hoje utilizamos. No começo a professora tinha liberdade total para criar novidades, e Montessori ia conversando, aconselhando, observando junto. Aos poucos, ambas tomaram notas de coisas que agradavam às crianças e coisas de que elas não gostavam, e Montessori buscou tomar como base essa lista para a elaboração gradual do método todo. Trinta anos depois, em 1936, ela escreveu: É também maravilhoso constatar que na posterior estruturação de um verdadeiro método educativo longamente elaborado com base na experiência, tenham-se conservado intactas as primitivas diretrizes vindas do nada. […] Assim, no primeiro esboço de um método educativo existe um todo, uma linha básica, onde se destacam três fatores principais: o ambiente, o professor e o material[…]  

As primitivas diretrizes vindas do nada compõem a lista de que falamos:

  1. Trabalho individual
  2. Repetição do exercício
  3. Liberdade de escolha
  4. Verificação dos erros
  5. Análise dos movimentos
  6. Exercícios de silêncio
  7. Boas maneiras nos contatos sociais
  8. Ordem no ambiente
  9. Meticuloso asseio pessoal
  10. Educação dos sentidos
  11. Escrita isolada da leitura
  12. Escrita anterior à leitura
  13. Leituras sem livros
  14. Disciplina na atividade livre
  15. Abolição dos prêmios e castigos
  16. Abolição dos silabários
  17. Abolição das lições coletivas
  18. Abolição de programas e de exames
  19. Abolição de brinquedos e guloseimas
  20. Abolição da cátedra da professora
  São vinte características que definem em linhas gerais os limites e a área sobre a qual se ergue todo o método Montessori. Se nos perguntam haver mais características, diremos que é claro que há. Se nos perguntam serem estes os princípios mais gerais de Montessori, diremos que não são. Os princípios mais gerais são menos detalhados, mais filosóficos e estão explicados em nossa página O Método, que você pode encontrar acima. Essa é realmente uma lista de características eminentemente prática na qual se detalham pontos muito importantes de uma sala montessoriana, e que, se se mantiveram inalterados ao longo de trinta anos de observação de Montessori, não há porque supor que deveriam ser alterados hoje. Dessa forma, tomamo-los como base para uma lista de características de uma escola montessoriana. A lista, em formato PDF e com diagramação especial, você encontra ao final do texto, para download. Aqui, detalhamos cada um dos itens da lista, muito brevemente, para você saber o que cada um significa. Pode ser necessário recorrer a outros textos do Lar Montessori para compreender melhor alguns pontos. Este texto e o anexo são suportes para você escolher a escola de seu filho, mas essa é uma tarefa importante demais para ser feita com base em um texto só. Se você não entender alguma coisa, procure no Lar e fora daqui – especialmente, leia no próprio livro A Criança, de cuja tradução para o português foi tirada a lista acima, e que conta com capítulos e trechos explicando cada uma das características nas palavras de quem as descobriu.  
  1. Trabalho Individual

A noção de trabalho individual não quer dizer que não há trabalho em grupo ou interação entre as crianças, mas você as encontrará mais sozinhas, trabalhando de forma independente, concentradas, e não em tarefas de grupo, coordenadas pelo professor.  
  1. Repetição do Exercício

Há sempre crianças concentradas em salas montessorianas. E é comum que haja muitas repetindo o mesmo trabalho vezes sem conta. Isso é voluntário e não é estimulado ou impedido pelo professor. As crianças aprendem com liberdade para repetir o que gostam.  
  1. Liberdade de Escolha

As crianças trabalham com materiais concretos que elas mesmas escolhem nas estantes da sala, onde eles ficam expostos. Há uma sequência de materiais apresentados para a criança e, dentro dela, a criança é absolutamente livre para trabalhar com o que quiser.  
  1. Verificação dos Erros

Em uma sala montessoriana, você não encontrará um professor corrigindo o trabalho de uma criança. É possível que ele corrija comportamentos nocivos ao grupo. Os trabalhos são todos corrigidos pelas crianças, percebendo seus erros na interação com o material.  
  1. Análise dos Movimentos

O ambiente montessoriano é um local de movimento constante, com as mãos e o corpo. Faz parte desse ambiente um conjunto de exercícios que auxiliam a criança a desenvolver a coordenação motora necessária para se mover cuidadosamente, devagar e com precisão.  
  1. Exercícios de Silêncio

Um verdadeiro pilar de Montessori, os exercícios de silêncio são o ápice da concentração da criança e do domínio sobre seus movimentos. Todas as crianças fazem silêncio juntas e mantém o silêncio até que seja quebrado pelo professor, chamando cada um baixinho.  
  1. Boas Maneiras nos Contatos Sociais

Quando você visitar uma sala montessoriana, não se surpreenda se as crianças forem educadas demais, gentis e até solícitas. Elas aprendem, no dia a dia, a cuidar bem umas das outras, e a tratar bem os visitantes, pessoas importantes que vêm conhecê-las.  
  1. Ordem no Ambiente

Você notará sempre uma ordem quase sublime na sala montessoriana. Tudo está no lugar, limpo e organizado, paredes limpas, ambiente tranquilo, e os únicos estímulos serão os materiais, algumas plantas e peças decorativas delicadas e escolhidas com cuidado.  
  1. Meticuloso Asseio Pessoal

Você já sabe que as crianças aprendem a se cuidar. Então vale saber que elas adoram fazer isso. Há numerosos trabalhos de Vida Prática, que ensinam a criança a executar tarefas do dia a dia, como se vestir e despir, lavar as mãos, pentear o cabelo e assoar o nariz.  
  1. Educação dos Sentidos

Essa é a base material de toda a pedagogia montessoriana. Há materiais concretos para a educação dos sentidos. A criança os manipula e aprende dimensões, massas, cores, aromas, sabores, texturas e tudo o que pode ser absorvido e organizado pelos sentidos.  
  1. Escrita Isolada da Leitura

Em Montessori não ensinamos escrita e leitura ao mesmo tempo. Aprendemos com as crianças que a escrita formal é mais simples, e a ensinamos com materiais concretos, que podem ser manipulados pelas crianças, e pela correspondência entre as letras e seus sons.  
  1. Escrita Anterior à Leitura

Pelo fato de a escrita ser mais simples, ela vem antes da leitura. A criança elabora palavras porque aprende os sons das letras, mas não lê o que escreve no começo. A composição é feita e não pode ser sempre checada – vale dizer, ela não é corrigida pelo professor.  
  1. Leitura sem Livros

A criança pode aprender a ler por meio de palavras que possa associar diretamente ao seu ambiente. É assim que fazemos. Depois, ela lê ações, em forma de ordens, primeiro muito curtas e depois mais longas, que executa, e assim, literalmente, aprende fazendo.  
  1. Disciplina na Atividade Livre

A liberdade para trabalhar existe, e é dominante na sala. Dentro dessa atividade livre, as crianças são surpreendentemente autodisciplinadas e, quando necessário, respeitosamente auxiliadas pelo professor a encontrar o melhor comportamento em uma situação social.  
  1. Abolição dos Prêmios e Castigos

Nós nunca usaremos, em uma escola, uma premiação ou um elogio para reforçar um bom comportamento, da mesma forma que punições e castigos jamais serão usados para exterminar um comportamento inadequado. Nós buscamos soluções, não atalhos.  
  1. Abolição dos Silabários

A criança aprende por materiais concretos, e pelos sons individuais das letras, ou por dígrafos, em alguns casos. Não usamos os silabários, presentes em algumas instituições mais tradicionais de ensino, mas materiais como o alfabeto móvel e as letras de lixa.  
  1. Abolição das Lições Coletivas

Há contação de histórias e músicas cantadas em grupo. Mas a participação nessas atividades deve ser voluntária e lições coletivas nunca são predominantes na sala. Quase todas as lições são individuais, muito breves, sucintas e objetivas.  
  1. Abolição de Programas e Exames

É necessário escolher entre um currículo rígido e um programa preciso, ou o respeito à criança. A gente fica com a segunda opção. Temos uma sequência flexível de lições, e não aplicamos exames. A avaliação acontece por observação da atividade livre da criança.  
  1. Abolição de Brinquedos e Guloseimas

Uma sala montessoriana não tem brinquedos, em sentido estrito. Não há nada sem objetivo, impensado. Os materiais são todos cuidadosamente criados e escolhidos. Também não usamos doces ou guloseimas para premiar o bom comportamento infantil.  
  1. Abolição da Cátedra da Professora¹

Havia na primeira escola de Montessori uma grande mesa para a professora. Hoje não há mais. O professor caminha pela sala e vive no mesmo ambiente das crianças, e o ambiente é das crianças. Tudo é feito do tamanho delas, não há um espaço só do professor. Lembre-se, a lista que fizemos aqui é só uma lista. Ela não é todo o método Montessori, o método é mais complexo e mais completo que isso. Entretanto, se a escola que você visitar contar com todas, ou pelo menos a maior parte, dessas qualidades, nós acreditamos que seu filho receberá excelente ajuda no caminho longo de seu desenvolvimento. Boa sorte  
  • Achamos válido mencionar: no caso de o professor não contar com outros espaços para trabalhos burocráticos, é importante que a sala conte com uma mesa e uma cadeira para o professor. Essa cadeira pode ser usada em momentos de contação de histórias, por exemplo, também. É importante, porém, que a cadeira e a mesa não se tornem nunca símbolos da autoridade do professor ou uma muralha atrás da qual ele se guarde.
  Fonte: Lar Montessori por Gabriel Salomão

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