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Instituição baseada no método foi a escolha de William e Kate Middleton para o pequeno George, 2 anos

Foi a italiana Maria Montessori quem desenvolveu a metodologia de ensino que leva seu nome, para colocar em prática os preceitos filosóficos nos quais acreditava. Maria se formou em medicina e, ainda jovem, foi trabalhar com crianças que tinham necessidades especiais. A partir dessa experiência, desenvolveu um novo método pedagógico, que foi aplicado primeiro em escolas de educação infantil na Itália e depois se espalhou para o mundo.

 

Quais são os princípios montessorianos

Há três itens básicos que caracterizam a filosofia montessoriana:

  • Educação para a paz:
    o que não significa um pacifismo subserviente, mas ativo, da construção de um cidadão que participe da sociedade e que trabalhe com foco no bem-estar comum. A escola montessoriana não se preocupa apenas em dar conhecimento, mas em como esse conhecimento vai ser utilizado na sociedade.

 

  • Educação é ciência:
    a pedagogia deve se basear em preceitos científicos capazes de respeitar as leis do desenvolvimento da criança e suas fases evolutivas.

 

  • Educação cósmica:
    o respeito à estreita relação entre a natureza e a sociedade humana, mantendo a harmonia da vida. É um princípio relacionado à espiritualidade, mas sem nenhuma conexão religiosa.

 

 

Na prática, como isso funciona?

Existe um ingrediente fundamental na metodologia de ensino montessoriana, que é a  autoeducação.

É a criança quem define seu próprio ritmo de aprendizagem, ou seja, é ela quem diz quando está pronta para o próximo passo. Como? Tendo à sua disposição diversos materiais que vão se tornando cada vez mais complexos à medida que ela demonstra interesse. O ensino das cores é um exemplo disso.

O primeiro material ao qual a criança tem acesso contém apenas as cores primárias: azul, amarelo e vermelho. Depois de ter interagido o suficiente, ela passa para um segundo material, com onze cores.

Quando se sentir preparada, interage com um terceiro material, com mais cores ainda, organizadas de acordo com uma gradação. É assim, passo a passo, que o conhecimento vai se aprofundando.

Nesse processo os materiais disponíveis são de suma importância e muitos deles foram desenvolvidos pela própria Maria Montessori. O mais famoso é o cubo dourado, que materializa o sistema decimal. A ideia é que a criança possa manipular, sentir as diferenças entre unidade, dezena e centena – em termos de tamanho, de peso, de visão, adquirindo uma noção matemática por meio de uma experiência concreta.

 

Outro ingrediente fundamental para a autoeducação é construir um ambiente que propicie a aprendizagem e a vivência. Por isso, na sala de aula, tudo fica ao alcance dos pequenos – mas de forma organizada, é claro. Existe a estante da linguagem, a estante da matemática e os materiais sensoriais.

E em cada espaço desses, tudo fica arrumado de acordo com o grau de dificuldade. Quanto mais ao alto – no máximo na altura da criança – e à esquerda, mais fácil é o material, e quanto mais a direita e mais baixo, mais difícil. Essa sequência de dificuldade acompanha a lógica da própria escrita (que vai da esquerda para a direita), fazendo com que a criança entenda o espaço de uma forma bastante intuitiva.

O que está mais alto, na altura dos olhos da crianças, é o que ela enxerga primeiro. À medida em que progride, ela precisa se abaixar para acessar lições mais complexas.

 

Também por causa da autoeducação, as crianças são divididas em grupos, nos quais convivem com colegas de idades diferentes. Geralmente, as crianças ficam juntas de 1 a 3 anos, de 3 a 6, de 6 a 9 e de 9 a 12 anos e assim por diante.

Isso porque o desenvolvimento não acontece de forma homogênea entre todas as crianças e as necessidades de cada uma variam de acordo com esse processo. Assim, elas podem conviver com outras crianças, com até 3 anos de diferença, que podem estar sintonizadas com as mesmas necessidades dela.

Outro ponto importante é que as escolas montessorianas adotam um currículo multidisciplinar, o que quer dizer que por meio de uma só experiência é possível trabalhar diferentes disciplinas. Ao aprender ritmo, aprende-se música e matemática junto, por exemplo.

 

E qual é o papel do professor?

Como é a própria criança que escolhe em que estação quer estar, o professor é, antes de tudo, um observador, treinado para perceber como a criança interage com o material.

“Em espanhol, no lugar de ‘professor’, as pessoas falam em ‘guia Montessori’, eu gosto muito desse termo”, comenta a diretora pedagógica do colégio Prima (SP), Edimara de Lima . Quando a criança não sai do mesmo material, cabe ao professor observar, para investigar o motivo pelo qual isso acontece: ela tem medo do insucesso, do novo, ela não se arrisca?

É esse tipo de percepção sensível que o educador precisa ter. Quando um dos alunos chega e fica parado e não escolhe nada, também cabe ao professor convidá-lo e ajudá-lo a escolher uma atividade.

“Manter o ambiente organizado, por exemplo, também é função das crianças, mas é, principalmente, uma função do professor. Se a criança sempre encontra o material em um mesmo lugar, ela tem tendência a devolvê-lo lá”, completa Edimara.

 

Será que funciona para o meu filho?

Antes de mais nada, o tipo de escola que a criança vai frequentar deve ser uma escolha da família. Edimara diz que quando perguntam a ela se o método Montessori é bom para qualquer criança, ela responde que sim, mas faz uma ressalva: “A escola tem que ser coerente com os valores e objetivos da família.

Uma criança de uma família mais rígida, pouco flexível, não vai se dar tão bem em uma escola montessoriana”, aconselha. É preciso olhar a escola como algo que vai muito além do projeto cognitivo. É preciso se perguntar que tipo de homens essa escola está formando, qual é a filosofia por trás do ensino.

Para o Montessori, não é importante o primeiro lugar na Fuvest, uma pontuação enorme no Enem… Estamos preocupados em formar gente que saiba escolher, que assuma suas escolhas, que tenha o bem comum sempre como o norte da sua vida.”, afirma Edimara.

Para ela, o que vai contar no futuro para quem passou por uma escola montessoriana é justamente a liberdade de fazer suas próprias escolhas. “A diferença do Montessori não está tanto no nível cognitivo, mas acho que são jovens que sabem sustentar e justificar suas escolhas. Sabem que uma escolha demanda uma responsabilidade e isso vai de uma série de outras posturas”, resume.

Por Naíma Saleh

 

 

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